A empresa acredita que faz, mas sua reputação não diz isso.

Confiança Organizacional
Confiança é tudo: ter ou não ter.
Merecer ou não merecer.

Reputação se refere a como a empresa é percebida pelos seus diversos públicos de interesse – os stakeholders.

Desenvolver poucas ou algumas ações não necessariamente irá ampliar sua visibilidade e reputação. Há muito a ser feito.

A pesquisa sobre confiança da Consumer Intelligence Series 2022 da PwC mostra uma lacuna gritante na confiança entre as empresas, seus clientes e funcionários.

Segundo a pesquisa, 87% dos executivos acham que os consumidores têm um alto nível de confiança em seus negócios. Mas apenas 30% dos consumidores afirmam isso. Já em relação aos funcionários essa relação é menor, porém existente – 84% dos líderes empresariais dizem que a confiança dos funcionários é alta, em comparação com 69% dos funcionários.

São dois públicos prioritários para as empresas. Para aumentar a confiança desses públicos na empresa e, aumentar sua reputação, é necessário entender primeiramente – o que eles desejam? O que valorizam?

De antemão, a pesquisa da PwC nos diz que a maioria dos funcionários quer ser bem tratada. Ser bem tratado acaba sendo um conceito amplo que poderíamos traduzir em algumas ações bem pontuais como:

  • Descobrir quais os comportamentos mais valorizados pelas pessoas com as quais trabalha. Não supor que sabe tudo ou o que pode ser mais importante para todos.
  • Dar significado ao trabalho da equipe
  • Envolver a liderança e a equipe para que possam juntos estabelecer os caminhos para atingir as metas individuais e da equipe.
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Sabe-se que toda a reputação começa de cima para baixo e de dentro para fora. A liderança precisa conhecer muito bem o que o seu time deseja, qual a cultura que se deseja construir e que todos compartilham.

O caminho para criar confiança entre os consumidores também passa por descobrir o que eles valorizam e o que desejam. Rever os processos internos e sua cadeia de valor para prestar um atendimento com excelência.

Alguns aspectos, inclusive, são abordados quando se fala em governança corporativa. Algo indiscutível, nos dias de hoje é que ESG é parte indissociável da reputação corporativa. E não desenvolver adequadamente estratégias nesse sentido pode acarretar mais riscos para a reputação empresarial.

Uma palavra-chave que pode ser incluída no processo de desenvolvimento da reputação empresarial é RELACIONAMENTO. Segundo o dicionário, todo tipo de relacionamento envolve convivência, comunicação e atitudes que devem ser recíprocas. O relacionamento será positivamente desenvolvido quando houver confiança, empatia e respeito.

Não é isso que se deseja? Confiança.

Melhorar a reputação e a confiança organizacional não é algo que se faz da noite para o dia, ou em três semanas, ou em três meses – é um processo de longo prazo, como todo bom relacionamento. E precisa ser revisto periodicamente. Os anseios dos funcionários e consumidores, hoje, poderão ser outros, amanhã. Como diz Zygmunt Bauman, hoje vivemos em um mundo fluido, em movimento.

No exigente ambiente de negócios atual, a preocupação com a Reputação da empresa vai muito além das ações de marketing e comunicação, embora esta última seja uma peça-chave no entendimento das expectativas dos stakeholders internos e externos, como da sua implantação e entendimento por parte de cada um deles.

Como dito acima, esse esforço não dará frutos da noite para o dia. Então por que não começar hoje?

Consultores externos, Problemas à vista?

Você começa bem a sua rotina no trabalho. Abre sua caixa de e-mails, se prepara para as próximas reuniões, verifica com seu pessoal como está o andamento dos trabalhos mais importantes, checa a agenda da semana, levanta para tomar um café… Dia normal como tantos na sua organização. Seus resultados estão dentro do esperado, seu departamento foi bem na última avaliação de clima. Lá pelas onze, seu chefe lhe chama para seu escritório. Estranho, não havia reunião mercada.

Texto 11 ChefeJá no escritório dele, você reconhece algumas pessoas de fora, que já tinha visto em outros corredores. Seu chefe amavelmente lhe apresenta a equipe daquela famosa consultoria que vai desenvolver um projeto em algumas áreas da empresa, entre elas, a sua.

A partir daí um conjunto de dúvidas paira em sua mente e enquanto ouve o rápido briefing do projeto, vai pensando por que sua área foi envolvida. Como já sabemos, seus números estão dentro das metas, seus resultados são bons e seu clima, muito razoável. Essa dúvida continua até que você ouve da Consultora a proposta de agenda: – Pode ser amanhã por volta das dez na sua sala? Sorridente você concorda e sai da reunião com a estranha sensação de que há algo errado…

Equipes multidisciplinares de projeto, com gente de fora, costumam questionar processos e rotinas, avaliar pessoas do time e quase sempre nos tiram da nossa zona de conforto, que é para onde sempre temos a tendência de ir (até mesmo quando queremos tomar um café). Instintivamente, temos a tendência de nos cercar de indicadores adequados como bons resultados, bônus acima da média, satisfação dos clientes, bom ambiente da equipe, para então criar uma nova área de conforto, ainda que transitória. Essa área é necessária para que você atinja os objetivos ajustados com seu chefe e com a empresa, e colocar uma equipe externa dentro desse espaço confortável pode ser um tanto estranho.

Texto 11 AtividadeA partir daí temos algumas possibilidades de atitude dentro do esperado e do praticado nas organizações. Começando por estabelecer atitudes defensivas, passando por justificativas bem fundamentadas para processos correntes e um pouco de restrição ao acesso a dados confidenciais, a tendência natural dos executivos é procurar garantir seu espaço de autoridade e de influência no reequilíbrio de forças que essa situação impõe.

Poucos executivos se mostram mais colaborativos enquanto entendem de modo mais amplo as razões do novo projeto e as possibilidades que explicita ou implicitamente surgem com essa chegada. Ao mesmo tempo em que gente nova causa uma entropia natural no grupo, abre-se a possibilidade de novas descobertas, novas maneiras de fazer e novos objetivos, eventualmente mais apaixonantes.

A partir daí é preciso que você seja muito franco e estabeleça como você mesmo e sua área esteja depois que a equipe externa concluir o seu trabalho. Isso mesmo. Esse dividendo pode e deve ser adequadamente planejado para que seu time possa ter novas e melhores perspectivas, desde novos conhecimentos adquiridos até novas possibilidades de carreira dentro ou fora da sua área. Tais possibilidades surgirão de uma forma ou de outra, e se sua equipe estiver atenta, poderá colher bons frutos, ampliando seus horizontes e ganhando nova motivação. Para tanto é necessário aprimorar as nossas habilidades de comunicação.

O crescimento profissional do time, o ganho de conhecimento e de atitude se dá em ambientes colaborativos em que de modo franco e equilibrado, todos tenham a possibilidade de se expor sem riscos de julgamentos prévios e que a informação possa fluir de forma transparente e honesta entre todos. Passar por cima de paradigmas, modelos pré-concebidos e mitos da organização é importante para criar um ambiente de franqueza e confiança.

ETexto 11 Coopetitionsse ambiente é a base para construção de novos “saberes” e de novas atitudes, mais alinhadas do que se busca para uma empresa cada vez mais imersa no ambiente moderno de “coopetição”.

E aí, já decidiu quais os dividendos que você terá de seu próximo projeto?